sábado, 17 de novembro de 2007

Seminário em Curitiba aborda adolescência e sexualidade na escola


Diretores, orientadores, professores de escolas públicas e particulares de ensino Médio e Fundamental e profissionais da saúde se reúnem nesta terça-feira (19), das 8 às 18 horas, no Colégio Estadual do Paraná, para o 3º Seminário "Adolescência e Sexualidade na Escola". São esperados 1.300 participantes.

A idéia é fazer uma reflexão sobre a abordagem junto ao público adolescente de temas como educação sexual nas escolas, gravidez, aids e doenças sexualmente transmissíveis.

O seminário sobre sexualidade faz parte do projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, implantado em Curitiba, de forma pioneira, em agosto de 2003. O projeto promove orientação sexual em sala de aula, para turmas de 7ª e 8ª série, e disponibilização de preservativos masculinos. A meta é reduzir os índices de gravidez na adolescência e combater o crescimento da aids entre adolescentes.

Desde 1984, quando foi diagnosticado o primeiro caso de aids no Brasil, até dezembro passado, 2,3% dos casos da doença ocorreram na faixa etária entre 10 e 19 anos. O índice pula para 10,4% no público de 20 a 24 anos.

Já o número de casos de gravidez na adolescência em Curitiba vem caindo. Mesmo assim, em 2004, 16% das gestações ocorreram entre adolescentes - 116 de meninas entre 10 e 14 anos, e 3.909 na faixa de 15 a 19 anos. A taxa era de 18,8% em 2001.

O encontro sobre sexualidade é uma parceria entre Prefeitura de Curitiba, Governo do Estado, Unesco, Cepac, Universidade Federal do Paraná (UFPR), ministérios da Saúde e da Educação e Sesc. Participam representantes do Programa Nacional de DST/Aids e do Programa Saúde do Adolescente; das secretarias especiais de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Mulheres e das universidades Gama Filho (RJ) e Estadual de Londrina (UEL).

Estarão presentes os secretários municipais da Saúde, Michele Caputo Neto, e da Educação, Eleonora Fruet. Serão três mesas-redondas: Saúde e Prevenção; Educação Sexual em Debate e Inclusão dos Temas Sociais Contemporâneos na Escola, com a participação de representantes da Unesco, ministério da Saúde e da Educação, secretarias municipais da Saúde e da Educação e Cepac.

O que é Saúde e Prevenção nas Escolas

O projeto Saúde e Prevenção nas Escolas começou em agosto de 2003, com 11 estabelecimentos e 5 mil alunos, de 7ª e 8ª séries. No ano passado, passou para 24 escolas e 16,1 mil adolescentes envolvidos. Foram disponibilizados desde o início do programa, 29.806 preservativos masculinos - 8.687 alunos pegaram camisinhas (53,82%).

A projeção para 2005 é da inclusão de mais 10 escolas, passando para 34 estabelecimentos de ensino e 22.920 adolescentes. O número de preservativos disponibilizados deverá pular para 42.320. A estimativa é que 12.330 alunos peguem camisinhas. "Pela avaliação, 90% dos adolescentes aprovam o programa", informa a coordenadora municipal de DST/Aids, Mariana Thomaz.

O projeto foi lançado primeiro em Curitiba e depois em outros quatro municípios do país. Pelos dados de 2004, a média de adolescentes que usaram preservativo na última relação sexual ficou em 89,2% na capital, contra a média de 67,3% no conjunto dos cinco municípios. A média de adolescentes que já engravidaram foi de 8,3% em Curitiba e de 4,7% nos cinco municípios.

"Temos bons resultados, mas também muitos desafios pela frente, como o aumento da participação da família, já que lidamos com questões que ainda provocam resistências, tabus e preconceitos", afirma a médica Júlia Cordellini, coordenadora do Programa Adolescente Saudável, da Secretaria Municipal da Saúde.

Neste ano, o projeto ganhou o reforço do Ônibus do Adolescente Saudável, equipado com recursos de educação em saúde. O ônibus percorre pontos estratégicos da cidade e instituições governamentais e não governamentais - escolas, abrigos, universidades -, permitindo a discussão de temas relativos à saúde e ao bem estar do adolescente através de shows, dança, teatro, jogos educativos e gincanas. "As ações vão valorizar os talentos locais e aproximar a comunidade do mundo adolescente", diz Júlia Cordellini.

O PROGRAMA ADOLESCENTE SAUDÁVEL

Programa lançado em novembro de 2002. Atende a faixa entre 10 e 20 anos.

Funciona com base no Protocolo de Atenção à Saúde do Adolescente, que organiza o trabalho, orienta a equipe multiprofissional das unidades de saúde para o atendimento de adolescentes e sistematiza as ações de prevenção e assistência.

O protocolo é o 1º do país e serve de referência nacional.

Em Curitiba, vivem 320.593 adolescentes (IBGE). A população SUS desse universo é de 70% (224.414).

O programa do adolescente tem dois grandes eixos:

Prevenção: atividades de promoção de saúde, intersetoriais, como forma de captar o adolescente para as US. Exemplos: Tecendo a Rede do Adolescer, que forma adolescentes multiplicadores (mil já foram formados) e Saúde e Prevenção nas Escolas (educação sexual e disponibilização de preservativos), que funciona em 24 escolas, com 16,5 mil alunos.

Assistência: ações para redução da gravidez na adolescência e combate às DST/aids. O índice de gravidez entre adolescentes caiu de 19,9% em 1997 para 16% em 2004. No Paraná, a taxa varia entre 23% e 25%.

Em relação à assistência, o programa dispõe de 18 unidades de saúde de referência para atendimento do adolescente, com clínicos e ginecologistas.

Como desafios do programa estão as drogas lícitas e ilícitas, a mortalidade por causas externas no sexo masculino e a implantação de um centro de especialidades para adolescentes e jovens.

Um comentário:

Mateus Ribeirete disse...

Justo, mais que necessário.